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O papel da psicóloga na sala de parto

Atualizado: há 5 dias

Introdução


Quase todos os dias eu recebo a mesma pergunta:

“Luzia, qual é exatamente o papel da psicóloga na sala de parto?”

A verdade é que esse tema ainda é invisibilizado — até dentro da própria psicologia. Pouca gente sabe que a presença da psicóloga no parto pode transformar completamente a experiência da parturiente e da família.


E eu quero falar sobre isso com você — não só porque acredito profundamente nessa atuação, mas porque já vi, com meus próprios olhos, o impacto clínico, emocional e simbólico de estar ali.


Psicóloga na sala de parto - Luzia Maia

Por que a psicóloga pode (e deve) estar no parto?


A sala de parto é um espaço de intensidade emocional profunda. Medos, lembranças, inseguranças, bloqueios inconscientes, fantasias sobre dor e morte... tudo pode emergir ali, em segundos.


A psicóloga entra nesse contexto não para “psicologizar” o parto, mas para sustentar a escuta emocional da mulher e da família naquele momento limiar.


É um cuidado que nasce lá atrás — no pré-natal psicológico — e se concretiza na hora em que a mulher mais precisa ser reconhecida.


O que faz a psicóloga na sala de parto ?


Aqui vão algumas das ações clínicas que realizo qundo acompanho partos:

  • Identificar gatilhos emocionais que podem interferir no andamento do trabalho de parto

  • Estimular a presença ativa do acompanhante, ajudando a integrar o casal ao processo

  • Trabalhar a blindagem emocional do casal, resgatando acordos, escolhas e limites

  • Resgatar as forças emocionais que já foram identificadas durante o pré-natal psicológico

  • Dar suporte emocional em momentos críticos, como decisões médicas, dor intensa ou sensação de perda de controle

  • Promover o vínculo inicial com o bebê, oferecendo contenção emocional pós-parto


Nem toda equipe reconhece o valor da psicóloga na hora do parto


Sala de parto

Infelizmente, ainda há muito desconhecimento (e resistência) por parte de algumas equipes médicas sobre o papel da psicóloga.



Já ouvi de profissionais:

“Você vai só observar?”
“Pra que psicóloga aqui?”

Mas quando estamos preparadas — com estudo, escuta e ética — conseguimos nos posicionar com firmeza e delicadeza. E com o tempo, a própria equipe percebe que a mulher fica mais conectada, segura e respeitada.


Como nos preparamos para estar ali?


A atuação da psicóloga na sala de parto não começa no hospital — começa no pré-natal psicológico.


É lá que:

  • Acolhemos as angústias sobre o parto

  • Investigamos experiências traumáticas anteriores

  • Trabalhamos medos e expectativas

  • Exploramos a relação com o próprio corpo

  • Construímos estratégias de autorregulação emocional


Também usamos práticas corporais e de visualização ativa que ajudam a mulher a resgatar recursos internos na hora do parto. Essa preparação é o que dá contorno e sentido à nossa presença na sala.


Conclusão


Estar em uma sala de parto como psicóloga é um dos momentos mais intensos e bonitos da nossa atuação.


Não se trata de “assistir um nascimento”. Se trata de escutar o que nasce naquela mulher, naquele casal, naquele bebê.


É ver a vida acontecer — e saber que você tem um lugar legítimo, ético e sensível ali.


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