O que é a Psicologia Perinatal?
- Luzia Maia
- 26 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: há 5 dias
Quando uma mulher pensa em gestar, ela inicia uma travessia emocional que nem sempre é visível aos olhos — mas que reverbera profundamente em seu corpo, pensamentos e afetos.
Na minha atuação como psicóloga perinatal, vejo diariamente como essa fase da vida é cercada de ambivalências, fantasias, inseguranças, e também de uma enorme potência psíquica.
Neste post, quero te apresentar o que é a psicologia perinatal, por que ela é um campo essencial de cuidado e como ela pode transformar a forma como gestantes, puérperas e famílias vivenciam esse ciclo.

O que é a Psicologia Perinatal
A psicologia perinatal é um campo da psicologia que se dedica à saúde mental de mulheres e suas famílias desde as tentativas de engravidar até o pós-parto e o luto perinatal.
Esse cuidado se estende por todo o ciclo gravídico-puerperal e reconhece as intensas mudanças emocionais que acontecem nesse período — tanto em situações esperadas (como a chegada de um bebê), quanto em contextos desafiadores (como perdas gestacionais, partos traumáticos ou gestações de risco).
Por que a psicologia perinatal é tão importante?
A perinatalidade é uma das fases de maior vulnerabilidade psíquica da mulher ao longo da vida. Não por fraqueza — mas por ser um momento de abertura, transformação e exigência emocional.
É nessa fase que podem emergir:
Dores não elaboradas da própria história
Medos sobre a maternidade, o parto ou o vínculo
Sentimentos ambivalentes (amor + culpa, desejo + cansaço)
Pressões sociais e familiares sobre como “deveria ser”
Quando a saúde mental não é cuidada, o sofrimento se amplia em silêncio. E esse silêncio pode afetar a experiência da mãe, o desenvolvimento do bebê e o vínculo entre eles.
Onde atua o psicólogo perinatal?
A atuação perinatal acontece em diferentes espaços:
Consultórios e clínicas privadas
Hospitais, maternidades e UTIs neonatais
Serviços públicos de atenção à gestante e puérpera
Rodas de gestantes, grupos de apoio ao luto ou à infertilidade
Domicílios, em acompanhamento a puérperas em situações de vulnerabilidade
Quais são os principais transtornos atendidos?
Entre as queixas mais comuns na clínica perinatal, estão:
Depressão pós-parto
Ansiedade na gestação e no puerpério
Transtorno de estresse pós-traumático relacionado ao parto
Luto perinatal (perda gestacional, neonatal ou infertilidade)
Dificuldades de vinculação com o bebê
Mas nem sempre a demanda chega nomeada como transtorno. Às vezes, ela aparece como um choro constante, um “não estou dando conta”, ou um “sinto que não sou boa mãe”.
Nem toda mulher se conecta com a maternidade de forma espontânea — e isso não significa que ela ama menos
Existe uma idealização sobre a maternidade que nos impede de ver o sofrimento legítimo de muitas mulheres.
A psicologia perinatal não está ali para “corrigir” a experiência, mas para acolher e dar contorno ao que emerge nesse período tão singular.
Benefícios do acompanhamento psicológico na perinatalidade
O acompanhamento especializado permite:
Prevenção de sofrimento psíquico grave
Apoio à construção do vínculo mãe-bebê
Elaboração de experiências difíceis (parto traumático, perdas)
Fortalecimento da rede de apoio
A vivência da maternidade de forma mais consciente e menos solitária
Na clínica, percebo como o processo terapêutico pode criar um ambiente emocionalmente seguro para que o bebê chegue — ou para que a ausência dele seja atravessada com menos culpa e mais humanidade.
Conclusão
A psicologia perinatal é mais do que um campo de atuação: é um compromisso com a escuta sensível de um dos momentos mais transformadores da vida.
Se você é psicóloga e sente o chamado para trabalhar com gestantes, puérperas e famílias, saiba que essa área exige preparo, ética e afeto — mas também oferece uma potência de cuidado que transforma quem escuta e quem é escutada.
Quer descobrir mais sobre saúde mental materna e prática perinatal? Me siga no Instagram @cuidandodemamaes para conteúdos atualizados e práticos sobre escuta clínica com gestantes, puérperas e famílias.

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