O papel da psicóloga perinatal: escutar o que nasce — na mulher, no bebê e na família
- Luzia Maia
- 21 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de abr.
Muitas psicólogas me dizem:
“Luzia, eu me interesso pela psicologia perinatal, mas ainda não entendi muito bem o que, de fato, a gente faz.”
Essa dúvida é compreensível. Afinal, a psicologia perinatal ainda não está presente na maioria das grades curriculares. É uma área que cresce à margem, mas que toca o centro da experiência humana: o nascer.
Neste post, quero te mostrar — com clareza e profundidade — qual é o papel da psicóloga perinatal e por que ele é tão necessário nos tempos de hoje.

O que é a psicologia perinatal?
A psicologia perinatal é o campo que estuda e atua sobre os fenômenos psíquicos e emocionais que ocorrem desde o desejo de gestar até os primeiros anos de vida do bebê — passando pela infertilidade, gestação, parto, puerpério, luto perinatal, UTI neonatal e tantos outros atravessamentos possíveis nesse ciclo.
É a escuta que se propõe a acompanhar tudo aquilo que nasce, morre ou se transforma em torno do nascimento.
Ainda tem muita gente dentro da psicologia que não reconhece a importância dessa área
A clínica perinatal ainda é vista, por muitos, como um “assunto feminino”, “menos nobre”, ou “sentimental demais”. Mas os dados mostram o contrário:
O ciclo perinatal é o período de maior vulnerabilidade psíquica da mulher adulta
Os impactos da saúde mental materna no bebê e na família são profundos e duradouros
O sofrimento das mulheres nesse período ainda é silenciado ou minimizado — inclusive dentro da saúde
Por isso, nosso papel como psicólogas perinatais é político, clínico e social.
O que fazemos na prática?
Nosso trabalho vai muito além do acolhimento da gestante.
Trabalhamos com:
Psicoeducação sobre saúde mental na gestação e puerpério
Prevenção e tratamento de transtornos como ansiedade, depressão, luto e TEPT pós-parto (veja aqui como identificar a depressão perinatal).
Escuta qualificada em processos de decisão (tipo de parto, interrupção gestacional, amamentação, retorno ao trabalho)
Apoio ao vínculo mãe-bebê (e ao cuidado compartilhado com pai, parceira ou rede de apoio)
Escuta da ambivalência, da exaustão, da raiva, da solidão — sentimentos legítimos que emergem nesse ciclo
Onde atuamos?
A psicóloga perinatal pode atuar em:
Consultórios
Hospitais e maternidades
Postos de saúde e UBSs
Rodas de gestantes
UTIs neonatais
Ambulatórios de alto risco
Partos (em parceria com obstetra e doula)
ONGs, projetos sociais, casas de parto
Espaços educativos e de psicoeducação
O papel da psicóloga perinatal - acompanhar processos
Na minha prática, eu vejo a psicóloga perinatal como alguém que sustenta a escuta quando tudo está por nascer ou por ruir.
Somos ponte. Contorno. Respiração no meio da contração emocional.
E ao contrário do que se pensa, não cuidamos só da mulher — mas do ambiente emocional onde o bebê vai chegar.
Conclusão
A psicologia perinatal é uma área que exige presença, preparo e muita ética. É preciso sustentar ambivalências, acolher histórias difíceis, apoiar decisões duras. Mas também é um campo de escuta linda, potente, e profundamente transformadora — para quem cuida e para quem é cuidada.
Se você sente esse chamado, eu te convido a aprofundar sua escuta.
Quer ver na prática como a psicologia perinatal atua? Assista gratuitamente à minha série de aulas abertas no YouTube, com casos clínicos, conceitos fundamentais e muitas trocas reais da minha rotina com gestantes, puérperas e famílias.
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