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O papel da psicóloga perinatal: escutar o que nasce — na mulher, no bebê e na família

Atualizado: 17 de abr.

Muitas psicólogas me dizem:

“Luzia, eu me interesso pela psicologia perinatal, mas ainda não entendi muito bem o que, de fato, a gente faz.”

Essa dúvida é compreensível. Afinal, a psicologia perinatal ainda não está presente na maioria das grades curriculares. É uma área que cresce à margem, mas que toca o centro da experiência humana: o nascer.


Neste post, quero te mostrar — com clareza e profundidade — qual é o papel da psicóloga perinatal e por que ele é tão necessário nos tempos de hoje.


sessao de terapia - psicologia perinatal

O que é a psicologia perinatal?


A psicologia perinatal é o campo que estuda e atua sobre os fenômenos psíquicos e emocionais que ocorrem desde o desejo de gestar até os primeiros anos de vida do bebê — passando pela infertilidade, gestação, parto, puerpério, luto perinatal, UTI neonatal e tantos outros atravessamentos possíveis nesse ciclo.


É a escuta que se propõe a acompanhar tudo aquilo que nasce, morre ou se transforma em torno do nascimento.


Ainda tem muita gente dentro da psicologia que não reconhece a importância dessa área


A clínica perinatal ainda é vista, por muitos, como um “assunto feminino”, “menos nobre”, ou “sentimental demais”. Mas os dados mostram o contrário:

  • O ciclo perinatal é o período de maior vulnerabilidade psíquica da mulher adulta

  • Os impactos da saúde mental materna no bebê e na família são profundos e duradouros

  • O sofrimento das mulheres nesse período ainda é silenciado ou minimizado — inclusive dentro da saúde

Por isso, nosso papel como psicólogas perinatais é político, clínico e social.


O que fazemos na prática?


Nosso trabalho vai muito além do acolhimento da gestante.

Trabalhamos com:


  • Psicoeducação sobre saúde mental na gestação e puerpério

  • Prevenção e tratamento de transtornos como ansiedade, depressão, luto e TEPT pós-parto (veja aqui como identificar a depressão perinatal).

  • Escuta qualificada em processos de decisão (tipo de parto, interrupção gestacional, amamentação, retorno ao trabalho)

  • Apoio ao vínculo mãe-bebê (e ao cuidado compartilhado com pai, parceira ou rede de apoio)

  • Escuta da ambivalência, da exaustão, da raiva, da solidão — sentimentos legítimos que emergem nesse ciclo


Onde atuamos?


A psicóloga perinatal pode atuar em:

  • Consultórios

  • Hospitais e maternidades

  • Postos de saúde e UBSs

  • Rodas de gestantes

  • UTIs neonatais

  • Ambulatórios de alto risco

  • Partos (em parceria com obstetra e doula)

  • ONGs, projetos sociais, casas de parto

  • Espaços educativos e de psicoeducação


O papel da psicóloga perinatal - acompanhar processos


Na minha prática, eu vejo a psicóloga perinatal como alguém que sustenta a escuta quando tudo está por nascer ou por ruir.


Somos ponte. Contorno. Respiração no meio da contração emocional.


E ao contrário do que se pensa, não cuidamos só da mulher — mas do ambiente emocional onde o bebê vai chegar.


Conclusão


A psicologia perinatal é uma área que exige presença, preparo e muita ética. É preciso sustentar ambivalências, acolher histórias difíceis, apoiar decisões duras. Mas também é um campo de escuta linda, potente, e profundamente transformadora — para quem cuida e para quem é cuidada.


Se você sente esse chamado, eu te convido a aprofundar sua escuta.


Quer ver na prática como a psicologia perinatal atua? Assista gratuitamente à minha série de aulas abertas no YouTube, com casos clínicos, conceitos fundamentais e muitas trocas reais da minha rotina com gestantes, puérperas e famílias.

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