Como usar visualizações ativas no parto: Técnica clínica para preparar emocionalmente a gestante
- Luzia Maia
- 23 de abr.
- 3 min de leitura
Na reta final da gestação, muitas mulheres se sentem tomadas por medos, tensões e dúvidas: "E se eu travar na hora?", "E se não der conta da dor?", "E se nada sair como o planejado?"
Na minha prática como psicóloga perinatal, uma das ferramentas mais potentes que utilizo nesses momentos é a visualização ativa. Essa técnica simples, mas profundamente eficaz, ajuda a gestante a ensaiar emocionalmente o parto, reduzindo a ansiedade, fortalecendo a conexão com o corpo e ativando uma confiança interna muitas vezes adormecida.
Neste post, vou te mostrar como usar visualizações ativas na preparação para o parto — seja no consultório, seja em encontros com gestantes — e como aplicá-las.

O que são visualizações ativas?
As visualizações ativas são exercícios guiados de imaginação, em que a gestante é convidada a acessar, de forma intencional, cenas internas relacionadas ao parto, ao corpo e ao vínculo com o bebê.
Diferente de meditações passivas, aqui há um objetivo terapêutico claro: transformar crenças, fortalecer imagens internas positivas e trabalhar o enfrentamento emocional de situações temidas.
Quando e como aplicar?
Você pode usar visualizações ativas em sessões com gestantes a partir do terceiro trimestre — principalmente entre a 32ª e a 39ª semana.
Etapas recomendadas:
Contextualize a técnica: Explique o que é, para que serve e que não se trata de adivinhação ou promessa de controle.
Prepare o ambiente: Peça que a gestante esteja sentada ou deitada, com olhos fechados e em posição confortável.
Conduza a visualização: De forma calma e com pausas, oriente a imaginação da gestante por cenas como:
Chegada à maternidade com tranquilidade
Corpo trabalhando em sincronia com o bebê
Imagem de abertura e confiança
Apoio da rede presente e respeitosa
Nascimento como momento potente e transformador
Convide à ancoragem: Use uma palavra, gesto ou imagem para que ela possa se reconectar com essa sensação no dia do parto.
Acolha o retorno: Após o exercício, convide à partilha do que sentiu, pensou ou resistiu. Essa escuta é parte do processo terapêutico.
Benefícios clínicos das visualizações ativas

Imaginar o parto pode gerar mais medo antes de gerar confiança
Muitas mulheres travam ao tentar visualizar o parto. E está tudo bem. Visualizar não é romantizar nem controlar o imprevisível — é preparar o emocional para o que for possível viver com consciência.
Como psicóloga, sua escuta precisa estar ativa tanto durante quanto depois da técnica. Nem sempre o parto imaginado será “bonito” — mas ainda assim, será valioso como material clínico.
Exemplo de roteiro de visualização ativa
“Imagine agora que você está indo para o local onde o parto vai acontecer. Repare no caminho, nas cores, nos cheiros. Você está segura. Seu corpo sabe o que fazer. Respire. Sinta suas mãos, seu útero, o movimento do bebê. Imagine as ondas vindo e indo, como marolas que você atravessa com coragem...”
Você pode adaptar esse roteiro com a linguagem da paciente, incluindo nomes, locais e desejos específicos.
Conclusão
As visualizações ativas são um recurso clínico valioso, especialmente para profissionais que atuam na psicologia perinatal e desejam oferecer um preparo emocional que vá além da fala racional. Quando bem conduzidas, elas ajudam a gestante a acessar recursos internos que estarão ali, disponíveis, na hora do parto.
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